quinta-feira, 16 de junho de 2016

Citado por Machado, Henrique Alves é terceiro ministro a deixar governo Temer.






O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e Michel Temer - Jorge William / Agência O Globo / 16-4-2015 




 BRASÍLIA — Investigado na Lava-Jato, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pediu demissão nesta quinta-feira. Henrique Alves entregou o pedido de demissão depois que chegou ao Palácio do Planalto a informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já teria em mãos novas acusações contra ele.


Alves é a terceira baixa do governo do presidente interino Michel Temer. Antes dele, Romero Jucá e Fabiano Silveira, do Planejamento e da Transparência, respectivamente, deixaram o governo Temer também devido a citações ou declarações relativas à operação.
O peemedebista já tem um inquérito aberto contra si e foi citado na delação do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. No acordo de delação premiada, Machado disse que intermediou o pagamento de R$ 1,55 milhão para Henrique Eduardo Alves. Segundo ele, o dinheiro teve como origem contratos entre a Queiroz Galvão e Galvão Engenharia com a Transpetro.
Durante um determinado período, Henrique Eduardo Alves fez lobby para a Transpetro contratar determinadas empresas de tecnologia e serviço, mas os negócios não avançaram. Pelo relato, o ex-ministro era insistente na busca de doações. "Ele (Henrique Eduardo Alves) ligava diversas vezes para a Transpetro e o depoente ligou algumas vezes para ele", diz em depoimento Machado.
Henrique Eduardo Alves esteve na noite de quarta-feira com Temer no Palácio do Planalto para avisá-lo que avaliava pedir demissão. Mas, segundo assessores de Temer, não bateu o martelo. Nesta quinta, por volta das 15h, ligou para o presidente interino para confirmar sua decisão. Na conversa, segundo um auxiliar, Henrique afirmou achar que novas revelações sobre seu envolvimento na Lava-Jato ainda estavam por vir. Temer já havia declarado que foi criada, em seu curto governo, uma "jurisprudência" de que, em havendo suspeição sobre um ministro, ele deveria se afastar.

Em nota entregue ao presidente em exercício no Planalto por volta das 17h30m desta quinta-feira, Alves fala que "o momento nacional exige atitudes pessoais em prol do bem maior". Ele ressalta que não quer criar "constrangimentos" ao governo interino e que sua legenda há 46 anos, o PMDB, "foi chamado a tirar o Brasil de uma crise profunda".
"Estou seguro de que todas as ilações envolvendo o meu nome serão esclarecidas", escreveu o demissionário, que pediu para sair do Turismo pouco antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, sendo o primeiro peemedebista a deixar o Ministério da petista. Antes mesmo da ruptura entre o PMDB e o governo da petista, Alves pediu demissão, em março deste ano.
Henrique Alves ressalta a Temer, ao comunicar a "difícil decisão", que eles "sempre" estarão juntos "nessa trincheira democrática", e que a luta dos dois continua.
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DE HENRIQUE ALVES
"Excelentíssimo Senhor Presidente Michel Temer,
O momento nacional exige atitudes pessoais em prol do bem maior. O PMDB, meu partido já 46 anos, foi chamado a tirar o Brasil de uma crise profunda. Não quero criar constrangimentos ou qualquer dificuldade para o governo, nas suas próprias palavras, de salvação nacional. Assim, com esta carta entrego o honroso cargo de Ministro do Turismo.
Estou seguro de que todas as ilações envolvendo o meu nome serão esclarecidas. Confio nas nossas instituições e no nosso Estado Democrático de Direito. Por isso, vou me dedicar a enfrentar as denúncias com serenidade e transparência nas instâncias devidas.
Pensei muito antes de tomar esta difícil decisão, porque acredito que o Turismo reúne as melhores condições para ajudar o Brasil a enfrentar o momento difícil que vive. Esta foi a motivação que me levou a voltar ao comando do Ministério depois de tê-lo deixado por uma questão política, de coerência partidária.

Acredito ter honrado os desafios do setor no pouco mais de um ano que estive no Ministério do Turismo. Registramos conquistas importantes como a isenção de vistos para países estratégicos durante a Olimpíada e Paralimpíada, a redução do imposto de renda para o turismo internacional e a execução de obras de infraestrutura turística em todas as regiões, para citar alguns exemplos.
Presidente Michel Temer, agradeço à sua sempre lealdade, amizade e compromisso de uma longa vida política e partidária, sabendo que sempre estaremos juntos nessa trincheira democrática em busca de uma nação melhor. A sua, a minha, a nossa luta continua. Pelo meu Rio Grande do Norte e pelo nosso Brasil.
Respeitosamente, Henrique Eduardo Alves"

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