Cerra quer completar a destruição do domínio da Nação brasileira sobre o seu petróleo.
A propósito do post “Requião peita Renan, que quer aprovar a entrega da Petrobras à Chevron“, oConversa Afiada entrevistou, por telefone, nessa sexta-feira 7/8, o Senador Roberto Requião:
PHA: Eu vou conversar com o senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná. Senador, nós publicamos aqui no Conversa Afiada um post em que o senhor tenta enfrentar o trator do presidente do Senado, Renan Calheiros, para aprovar com urgência urgentíssima um projeto do Serra, que vende a Petrobras. O que o senhor fez? O que o Renan fez é legal?
Requião: O projeto do Serra é um absurdo total. Já a Folha de SP, quando publicou dados do WikiLeaks, da denúncia do Assange, falava da conversa do senador José Serra, quando candidato à presidência da República, com a presidenta da Chevron, onde, segundo informa a Embaixada do Brasil ao Departamento de Estado Americano, José Serra tinha se comprometido em acabar com a partilha do pré-sal. Que liberasse o pré-sal para o sistema de concessões.
O sistema de concessões, todos sabem, faz com que o Brasil perca o controle da vazão dos poços, e a vazão dos poços influencia na composição dos preços, acaba com o controle do Brasil sobre os custos, com os implementos utilizados pela indústria brasileira, e aliena um fator importantíssimo para a construção do projeto nacional.
O mundo inteiro tem entrado em guerra por causa do petróleo. Saddam Hussein caiu por isso, o Kadafi, na Líbia, por isso. E na própria Chechênia, a Rússia fez a intervenção porque não concordava com a independência, uma vez que a Chechênia tem províncias importantíssimas de petróleo. Então esse projeto do José Serra, relatado pelo senador Ferraço, não tem razão de ser. Agora, onde se encaixa esse projeto? Se encaixa na política do Levy.
O Levy proíbe o BNDES de repassar empréstimos e recursos para a Petrobras. A Dilma coloca uma direção na Petrobras, influenciada pela política de ajustes – para mim, de arrocho – do Levy, vinculada às ideias de mercado. Reduz os investimentos da Petrobras pela metade, e administra a Petrobras como a Sabesp ou a Sanepar, no Paraná, que estão sendo administradas por grupos privativos.
O que eles fazem? Alienam bens e ativos, aumentam o preço de seu produto final, no caso a água, ou no caso da Petrobras, o petróleo, para viabilizar o aumento em curto prazo de lucro dos seus acionistas. E a Petrobras tem 54% de ações privadas colocadas no mercado. Nós temos o controle da administração enquanto Estado. Então, eu vejo que uma coisa se adequa a outra, e o projeto do Serra veio para completar a destruição do domínio da nação brasileira sobre o seu petróleo.
PHA: E o que o Renan está fazendo, Senador? É legal?
Requião: O Renan estava apoiando o projeto do Serra e, posteriormente, o projeto do Serra dando a Petrobras a oportunidade de decidir se ela queria viabilizar a partilha do pré-sal ou não. Ora, a Petrobras na mão de administradores com esse cabeça de administradores de empresa, voltados para o lucro de curto prazo, sem planejamento, e ignorando as necessidades estratégicas do Brasil, iria facilitar que avançasse o projeto do Serra, entregando evidentemente a extração do pré-sal para empresas estrangeiras, notadamente a Shell e a Chevron.
PHA: Existe um risco de essa atual administração da Petrobras fazer uma política de investimentos já apropriada, já de acordo com o projeto do Serra? Ou seja, vender blocos do pré-sal em que a Petrobras é a operadora única, segundo a lei atual?
Requião: Na verdade, já está fazendo isso. Está vendendo blocos de pré-sal, está vendendo a Braspetro, a Transpetro, o sistema de gás também, a Gaspetro, e a BR Distribuidora. Ela está alienando patrimônio. E você veja: foi esse tipo de administração que quebrou os Estados Unidos lá atrás, em 2008 e 2009. Era a visão do lucro vinculado ao investimento dos acionistas, e sem nenhuma preocupação estratégica, sem nenhum plano de médio e de longo prazo. É a visão de mercado. E é a coisa mais estúpida que se pode fazer no Brasil com o petróleo.
PHA: Mas, Senador, a lei atual impede a Petrobras de alienar áreas do pré-sal em que ela é a operadora única. Ela não pode fazer isso.
Requião: Pois é, mas eles estão interpretando aquela medida do Fernando Henrique, que facilitava as compras da Petrobras, estão ampliando o entendimento daquela medida, e estão vendendo sem licitação, o que é absolutamente ilegal. Eu estou fazendo um Projeto de Resolução, também no Senado, proibindo que isso ocorra. Agora, o problema é que embora a Dilma tenha colocado com clareza a sua posição, contra essas modificações, uma parte do Governo está a favor.
PHA: Quem?
Requião: O ministro Eduardo Braga, em determinado momento, se pronunciou a favor. E é evidente que todas as medidas do Levy, inclusive contingenciando o BNDES, são nesse sentido. É um jogo casado dos neoliberais. Dentro e fora do Governo.
PHA: Tem no Senado petista que apoia essa situação? Que está com o Serra?
Requião: Num primeiro momento, até o líder do Governo, que é o Delcídio, apoiou a urgência para a votação do projeto do Serra. Posteriormente, ele votou conosco, para que fizéssemos uma paralisação disso e montássemos uma comissão especial. Mas essa comissão já vem viciada também.
PHA: Por que?
Requião: O presidente do Senado nomeia o presidente da Comissão, o que não decorre de amparo regimental algum, e o presidente da Comissão diz que ele tem a prerrogativa de nomear o relator. Então o presidente da Comissão é o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é manifestamente contra a Petrobras, e pretende nomear como relator o Ricardo Ferraço (PMDB-ES_, que é o relator do projeto do Serra. Então nós estamos dentro de uma armação. E há uma resistência muito grande nesse sentido. Essa resistência está sendo feita pelo Lindberg Farias (PT-RJ), pela Vanessa Grazziotin (PCdoB-SC), por mim, pela Lídice da Mata (PSB-BA), pelo Randolfe (PSOL-AP), pelo Telmário Mota (PDT-RR), é uma resistência muito grande.
E eu acredito ainda que há um sentimento dentro do Senado para que isso não passe. O nosso projeto sustando a urgência no Senado, a nossa medida, teve mais de 60 assinaturas dos senadores, que são 81. E alguns que não assinaram, não assinaram porque nós não tivemos a oportunidade de falar com eles no momento. Mas o Renan está forçando a mão evidentemente, e o Serra está jogando no sentido das medidas tomadas pelo Levy: acabar com o domínio brasileiro do nosso petróleo. E não é só a Petrobras. Porque a Petrobras é um instrumento da política nacional. Eles estão tirando do Estado brasileiro, de um projeto de nação.
PHA: Senador, só para ficar claro: qual é o nome do presidente da Comissão, designado pelo Renan?
Requião: Senado da Bahia, Otto Alencar.
PHA: Ele é homem de confiança do ministro Jaques Wagner?
Requião: Ele já declarou que é contra a Petrobras, que tem que quebrar o monopólio.
PHA: Eita! Tá bom, senador… o senhor viu que a FIESP e a FIRJAN não querem saber de impeachment.
PHA: Eu vou conversar com o senador Roberto Requião, do PMDB do Paraná. Senador, nós publicamos aqui no Conversa Afiada um post em que o senhor tenta enfrentar o trator do presidente do Senado, Renan Calheiros, para aprovar com urgência urgentíssima um projeto do Serra, que vende a Petrobras. O que o senhor fez? O que o Renan fez é legal?
Requião: O projeto do Serra é um absurdo total. Já a Folha de SP, quando publicou dados do WikiLeaks, da denúncia do Assange, falava da conversa do senador José Serra, quando candidato à presidência da República, com a presidenta da Chevron, onde, segundo informa a Embaixada do Brasil ao Departamento de Estado Americano, José Serra tinha se comprometido em acabar com a partilha do pré-sal. Que liberasse o pré-sal para o sistema de concessões.
O sistema de concessões, todos sabem, faz com que o Brasil perca o controle da vazão dos poços, e a vazão dos poços influencia na composição dos preços, acaba com o controle do Brasil sobre os custos, com os implementos utilizados pela indústria brasileira, e aliena um fator importantíssimo para a construção do projeto nacional.
O mundo inteiro tem entrado em guerra por causa do petróleo. Saddam Hussein caiu por isso, o Kadafi, na Líbia, por isso. E na própria Chechênia, a Rússia fez a intervenção porque não concordava com a independência, uma vez que a Chechênia tem províncias importantíssimas de petróleo. Então esse projeto do José Serra, relatado pelo senador Ferraço, não tem razão de ser. Agora, onde se encaixa esse projeto? Se encaixa na política do Levy.
O Levy proíbe o BNDES de repassar empréstimos e recursos para a Petrobras. A Dilma coloca uma direção na Petrobras, influenciada pela política de ajustes – para mim, de arrocho – do Levy, vinculada às ideias de mercado. Reduz os investimentos da Petrobras pela metade, e administra a Petrobras como a Sabesp ou a Sanepar, no Paraná, que estão sendo administradas por grupos privativos.
O que eles fazem? Alienam bens e ativos, aumentam o preço de seu produto final, no caso a água, ou no caso da Petrobras, o petróleo, para viabilizar o aumento em curto prazo de lucro dos seus acionistas. E a Petrobras tem 54% de ações privadas colocadas no mercado. Nós temos o controle da administração enquanto Estado. Então, eu vejo que uma coisa se adequa a outra, e o projeto do Serra veio para completar a destruição do domínio da nação brasileira sobre o seu petróleo.
PHA: E o que o Renan está fazendo, Senador? É legal?
Requião: O Renan estava apoiando o projeto do Serra e, posteriormente, o projeto do Serra dando a Petrobras a oportunidade de decidir se ela queria viabilizar a partilha do pré-sal ou não. Ora, a Petrobras na mão de administradores com esse cabeça de administradores de empresa, voltados para o lucro de curto prazo, sem planejamento, e ignorando as necessidades estratégicas do Brasil, iria facilitar que avançasse o projeto do Serra, entregando evidentemente a extração do pré-sal para empresas estrangeiras, notadamente a Shell e a Chevron.
PHA: Existe um risco de essa atual administração da Petrobras fazer uma política de investimentos já apropriada, já de acordo com o projeto do Serra? Ou seja, vender blocos do pré-sal em que a Petrobras é a operadora única, segundo a lei atual?
Requião: Na verdade, já está fazendo isso. Está vendendo blocos de pré-sal, está vendendo a Braspetro, a Transpetro, o sistema de gás também, a Gaspetro, e a BR Distribuidora. Ela está alienando patrimônio. E você veja: foi esse tipo de administração que quebrou os Estados Unidos lá atrás, em 2008 e 2009. Era a visão do lucro vinculado ao investimento dos acionistas, e sem nenhuma preocupação estratégica, sem nenhum plano de médio e de longo prazo. É a visão de mercado. E é a coisa mais estúpida que se pode fazer no Brasil com o petróleo.
PHA: Mas, Senador, a lei atual impede a Petrobras de alienar áreas do pré-sal em que ela é a operadora única. Ela não pode fazer isso.
Requião: Pois é, mas eles estão interpretando aquela medida do Fernando Henrique, que facilitava as compras da Petrobras, estão ampliando o entendimento daquela medida, e estão vendendo sem licitação, o que é absolutamente ilegal. Eu estou fazendo um Projeto de Resolução, também no Senado, proibindo que isso ocorra. Agora, o problema é que embora a Dilma tenha colocado com clareza a sua posição, contra essas modificações, uma parte do Governo está a favor.
PHA: Quem?
Requião: O ministro Eduardo Braga, em determinado momento, se pronunciou a favor. E é evidente que todas as medidas do Levy, inclusive contingenciando o BNDES, são nesse sentido. É um jogo casado dos neoliberais. Dentro e fora do Governo.
PHA: Tem no Senado petista que apoia essa situação? Que está com o Serra?
Requião: Num primeiro momento, até o líder do Governo, que é o Delcídio, apoiou a urgência para a votação do projeto do Serra. Posteriormente, ele votou conosco, para que fizéssemos uma paralisação disso e montássemos uma comissão especial. Mas essa comissão já vem viciada também.
PHA: Por que?
Requião: O presidente do Senado nomeia o presidente da Comissão, o que não decorre de amparo regimental algum, e o presidente da Comissão diz que ele tem a prerrogativa de nomear o relator. Então o presidente da Comissão é o senador Otto Alencar (PSD-BA), que é manifestamente contra a Petrobras, e pretende nomear como relator o Ricardo Ferraço (PMDB-ES_, que é o relator do projeto do Serra. Então nós estamos dentro de uma armação. E há uma resistência muito grande nesse sentido. Essa resistência está sendo feita pelo Lindberg Farias (PT-RJ), pela Vanessa Grazziotin (PCdoB-SC), por mim, pela Lídice da Mata (PSB-BA), pelo Randolfe (PSOL-AP), pelo Telmário Mota (PDT-RR), é uma resistência muito grande.
E eu acredito ainda que há um sentimento dentro do Senado para que isso não passe. O nosso projeto sustando a urgência no Senado, a nossa medida, teve mais de 60 assinaturas dos senadores, que são 81. E alguns que não assinaram, não assinaram porque nós não tivemos a oportunidade de falar com eles no momento. Mas o Renan está forçando a mão evidentemente, e o Serra está jogando no sentido das medidas tomadas pelo Levy: acabar com o domínio brasileiro do nosso petróleo. E não é só a Petrobras. Porque a Petrobras é um instrumento da política nacional. Eles estão tirando do Estado brasileiro, de um projeto de nação.
PHA: Senador, só para ficar claro: qual é o nome do presidente da Comissão, designado pelo Renan?
Requião: Senado da Bahia, Otto Alencar.
PHA: Ele é homem de confiança do ministro Jaques Wagner?
Requião: Ele já declarou que é contra a Petrobras, que tem que quebrar o monopólio.
PHA: Eita! Tá bom, senador… o senhor viu que a FIESP e a FIRJAN não querem saber de impeachment.
Requião: É aquela ideia que eu expus no Barão de Itararé. Eles estão fazendo tudo o que querem com a Dilma, com o Levy na Fazenda. Estão ganhando fortunas. O grande partido do Brasil hoje é a FEBRABAN, quero me filiar à FEBRABAN. É a única que não perde com a crise.
Eles querem o desgaste absoluto da Dilma, eles querem prender o Lula…
(Aqui o áudio da entrevista )
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