por François Silvestre
Semana gorda.
Foi uma semana de vaso cheio. Hermeneutas de todos os matizes. Até entre togados as questões saíram dos Autos e invadiram a mídia. Um festival de Notas e explicações. Coisa comum na política, mas estranha nas entranhas do fórum.
E quando isso ocorre dá-se aos que devem um refresco na mora. Um adiamento da cobrança. Mas o vaso recebeu colaboração dos dois lados, no embate político. O que se ouviu de estultice não foi brincadeira.
O senador Lindbergh Faria, do PT, disse que a condução coercitiva de Lula paralisou o país. Não, senador. Quem paralisou o país foi seu partido e seus aliados. Um partido que traz no nome o substantivo “trabalhadores” e substituiu o trabalho pela esmola. Adjetivou, na prática, a substantivação que prometeu para substituir o adjetivo “trabalhista”. Vargas saiu ganhando.
Um amigo de Lula, cá do Rio grande do Norte, com cargo diretivo no Governo do Estado, convocou a militância à violência. Fanatismo. Como se fosse pouca a violência que banha o Brasil, desgovernado por seus ídolos.
Não me convence a condução coercitiva. Uma desnecessidade processual. Contra qualquer um. Produzindo insegurança jurídica e constrangimento pessoal. Pra que a condução forçada se o conduzido pode ficar calado?
O senador paulista e tucano, Aloysio Nunes, que conheço desde os tempos de clandestinidade, em São Paulo, pessoa sensata, deu sua colaboração ao pinico da semana.
Ele disse da tribuna do senado, respondendo ao petista, que tudo o que ocorreu teve a participação das instituições constituídas. E só isso basta para justificar qualquer ato.
Depois afirmou que Dilma Rousseff deve deixar o Poder imediatamente. Nesse caso, dispensando a interferência institucional. A velha prática do coronelismo: “Para o adversário, o rigor da lei. Para nós, a conveniência política”.
E disse mais. Que não há governo no Brasil. É verdade, senador. Nem no Brasil nem em São Paulo. Do Oiapoque ao Chuí. Não há governo. Há uma balbúrdia de sobreposições institucionais, em que não se sabe onde começam ou terminam as prerrogativas de cada Poder.
São Paulo não resolve sequer as questões das escolas secundárias. O Rio de Janeiro literalmente falido. O Rio Grande do Sul, idem. Só uma Constituinte Originária devolverá governo ao Brasil. Segundo Laurence Nóbrega a República já teve câncer em várias épocas, mas agora deu metástase.
Na Ditadura, ninguém estava acima da ordem. A ordem era estabelecida por um lado. O outro lado era a desordem. Agora, o clichê da moda é “ninguém está acima da lei”. A citação preferida de Demóstenes Torres. O que tem de corrupto dizendo isso não há quem conte.
O que é “ninguém”? É a ausência de todos. Então, ninguém está fora da bela e hipócrita frase. Porém, muitos dos que a dizem, intimamente se excluem. É ou num é? Té mais.
Na Coluna Plural, do Novo Jornal.
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