sábado, 28 de fevereiro de 2015

Abuso sexual: Um dos homens mais procurados dos EUA é preso em Pipa


Americano Victor Ardem foi detido pela PM. Ele responde por crimes sexuais.


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Diego Hervani
Repórter
Uma ação conjunta das polícias federal e militar do Rio Grande do Norte culminou com a prisão, nesta sexta-feira (27), em Pipa, no litoral sul do RN, do americano Victor Arden Barnard, de 53 anos, um dos homens mais procurados dos Estados Unidos. Ele é acusado de ser líder de uma seita na qual ele abusava sexualmente de jovens, alegando que ele próprio representava “Jesus na carne” e por isso as garotas permaneceriam puras para sempre.
O estrangeiro estava entre os 15 foragidos mais procurados pelo U.S Marshals, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e seu nome consta na Difusão Vermelha da Interpol. De acordo com informações da PF, em meados dos anos 2000, Victor se juntou a ‘River Road Fellowship’, uma espécie de igreja cristã. Pouco tempo depois, ele criou um grupo de jovens meninas chamado de “Maidens” ou “Alamote”, segundo a denúncia. O grupo, que tinha 50 membros, pregava que as meninas deveriam permanecer virgens e nunca se casar.
Na época, ainda de acordo com a denúncia, Barnard pregava que ele próprio representava “Jesus na carne”, e que para ele era normal fazer sexo com suas seguidoras, uma vez que “Cristo tinha tido relações com Maria Madalena e outras mulheres que o seguiam, assim como o rei Salomão havia dormido com muitas concubinas”. “Ele convenceu os pais das meninas disso. Ele abusava de cada uma separadamente e ordenava que elas não deveriam contar a situação para ninguém. Com isso, as outras garotas não ficavam sabendo do que estava acontecendo e pensavam que eram as únicas escolhidas para ter um relacionamento com ele”, afirmou André Peron, perito da Polícia Federal que participou diretamente das investigações.
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Porém, entre os anos de 2011 e 2012 tudo começou a desmoronar. Duas meninas que participavam do grupo resolveram denunciar o que estava acontecendo. Foi aí que as investigações começaram e Barnard resolveu fugir dos Estados Unidos e se esconder no Brasil. “Nessa época houve uma mudança de Minessota, onde a seita começou inicialmente, para Washington. O problema é que o Barnard começou a se envolver, além das garotas, com mulheres casadas e isso muita gente não aceitou. Nesse meio tempo que as garotas resolveram denunciar o que estava ocorrendo”, explicou André.
Em setembro de 2014 a polícia potiguar recebeu a informação que Barnard estaria escondido no Rio Grande do Norte. “O consulado dos Estados Unidos entrou em contato conosco e passou a informação de que o Barnard estaria escondido por aqui. A justiça expediu um mandado de prisão e nós começamos a investigar onde ele estaria escondido. Até que na noite de ontem, confirmamos que ele estava escondido em uma casa em Pipa e então resolvemos fazer a prisão”, detalhou Paulo Henrique, superintendente regional substituto da PF no RN.
O tenente Daniel Costa, comandante do pelotão de Pipa, afirmou que o estrangeiro foi encontrado por volta das 21h em uma casa dentro de um condomínio. Escrituras, documentos, agendas, computadores, pendrives, aparelhos e chips celulares foram apreendidos e levados para a sede da Polícia Federal, em Natal.
“Uma brasileira, que morou nos Estados Unidos, dava cobertura ao acusado. Ela assinou um termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por favorecimento pessoal e foi liberada. Já o americano, foi levado para a superintendência da PF. Havia um mandado de prisão contra ele, incluindo uma ordem de extradição já assinada pelo Supremo Tribunal Federal”, afirmou o oficial. Ainda de acordo com informações da PF, Barnard estaria escondido em Pipa desde o ano passado.
Um dos fatos que mais preocuparam os policiais, além das 59 acusações de abusos sexuais nos Estados Unidos, foi o fato de que o acusado estaria combinando um suicídio coletivo com as mulheres que participavam da seita. “A polícia americana entrou em contato conosco afirmando que a seita estaria se reunindo novamente. A partir daí passamos a investigar se pessoas que participam da seita estariam vindo para o Brasil. Conseguimos confirmar movimentação de cerca de 21 pessoas que participavam da seita. Eles entravam no país e saíam alguns dias depois. Com isso a preocupação aumentou, mas felizmente conseguimos efetuar a prisão antes que qualquer coisa pior acontecesse”, disse André Peron.
Segundo o U.S Marshal, o líder religioso era uma “ameaça significativa” é acusado de fugir para evitar processos. A recompensa para quem capturá-lo era de 25 mil dólares. “Sabíamos dessa recompensa, mas em nenhum momento isso foi o mais importante nessa operação. O que queríamos mesmo era retirar de circulação um homem considerado altamente perigoso. Mesmo ele sendo procurado apenas nos Estados Unidos, como ele estava em território brasileiro, tínhamos a obrigação de prender esse criminoso. Agora vamos cuidar dos trâmites legais para que ele pague por todos os crimes que cometeu”, finalizou Pedro Henrique. Fonte:JH
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