Alex Viana
Repórter de Política
O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por participação no esquema do Petrolão, disse a interlocutores que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), pressionou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para retirar o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), da lista de políticos investigados na Operação Lava Jato.
A revelação está no blog do jornalista Fernando Rodrigues, do portal UOL, repercutida desde o último sábado à noite em todo o país. “O governo falava para todos que o [senador] Aécio Neves [PSDB-MG] estaria na lista [da Operação Lava Jato]. O [procurador-geral da República Rodrigo] Janot falou para umas dez pessoas que estava sendo pressionado. Que o [vice-presidente da República] Michel [Temer] pressionava para tirar o Henrique [Eduardo Alves]. Que ele iria tirar. E que havia pressão para tirar o Eduardo Cunha da lista. O Michel falou com ele [Janot] três vezes”, teria dito Renan a interlocutores, segundo relatos de alguns deles apurado pelo jornalista.
Durante seus diálogos, ainda na noite de sexta, pouco após a confirmação da inclusão do seu nome, Renan desabafou com interlocutores. Além de confirmar a articulação do vice-presidente, Michel Temer, para “salvar a pele” de Henrique, o presidente do Senado denunciava o que seria a articulação do Planalto para sair do foco do problema.
“Ao Palácio do Planalto não interessava tirar ninguém [da lista]. O jogo do governo era: ‘Quanto mais gente tiver, melhor, desde que tenha o Aécio’. Essa era a lógica do Planalto. E eles foram surpreendidos. Ela [Dilma] só soube que o Aécio estava fora na noite da terça-feira, quando o Janot entregou os nomes para o Supremo. Ficou p… da vida. Aí a lógica foi clara: vazar que estavam na lista Renan e Eduardo Cunha. Por quê? Porque essa é a estratégia deles. Querem sempre jogar o problema para o outro lado da rua. Foi algo dirigido. O ‘Jornal Nacional’ dizendo, veja só, que ‘o Planalto confirma que Renan e Eduardo Cunha estavam na lista’. Veja se tem cabimento? O Planalto confirmava? No dia seguinte, a mesma coisa… Havia ali uma dezena de nomes, mas o Planalto deliberadamente direcionou a cobertura da mídia para dois nomes. Dois nomes que retiravam o governo momentaneamente dos holofotes. A Lava Jato envolve a Petrobras, muitos do PT, mas por quatro dias foi só a presença de Renan e de Eduardo Cunha na lista… No ‘Jornal Nacional’… E sempre repetindo que o Planalto confirmava”, completou Renan Calheiros, sempre a interlocutores, conforme relato de Fernando Rodrigues.
ARQUIVAMENTO
Já na última sexta-feira, graças ou não à pressão do vice-presidente da República, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves “comemorou” a não inclusão do seu nome na lista de investigados da Operação Lava Jato. Pressão ou não de Temer, o fato é que o procurador-geral excluiu Henrique da lista, o que não o impede de continuar sendo investigado.
Até o último momento apreensivo em relação à presença ou não do seu nome na lista, Henrique sentiu-se aliviado por não constar no rol de políticos investigados. Em curta nota à imprensa, ele disse que a exclusão do seu nome respalda os 44 anos de atividade política no Rio Grande do Norte. “Recebo com serenidade manifestação do Ministério Público Federal e do ministro Teori Zavascki ratificando uma vida pública de 44 anos honrando meu Rio Grande do Norte. Isso diz tudo”, frisou o ex-parlamentar.
Fonte:JH
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