Ricardo Noblat
A passagem de Lula por Brasília na ausência da presidente Dilma Rousseff serviu para que ele demonstrasse seu arrependimento pelas duras críticas que fez à presidente e ao PT há pouco mais de 10 dias.
Arrependimento sincero? Quem poderá garantir? Acho que nem se trata de arrependimento de verdade. Está mais para um recuo tático. O que ele disse de Dilma e do PT serviu à oposição. Não era bem o que queria.mentiu durante a campanha eleitoral. E disse que ela estava no volume morto, e o PT abaixo
Nas últimas 48 horas, Lula sugeriu a aliados e correligionários meios e modos de fortalecer o governo que mal consegue manter-se de pé.
É preciso politizar o discurso do PT e do governo contra a Operação Lava Jato, que investiga a roubalheira na Petrobras. Há que se ser radical como radical tem sido a oposição quando a defende, ensinou Lula.
O ajuste fiscal deve ser deixado de lado. É uma página virada. Deve-se exaltar o Plano Safra, o Plano Nacional de Educação e acordos com chineses que atrairão novos investimentos.
— Temos que estar juntos com Dilma. Eu estava atrás de um discurso. Agora já tenho. Por mais que os indicadores estejam ruins, nosso pior momento ainda é melhor que a situação que Fernando Henrique nos entregou. Todos os números péssimos hoje ainda são melhores do que a inflação de 12,5% e os mais de 20% de juros que eu recebi de Fernando Henrique — justificou Lula.
Esqueceu-se de dizer que as taxas de inflação e de juros que herdou de Fernando Henrique tiveram a ver com a reação do mercado à sua chegada ao poder. Mas ele jamais diria uma coisa dessas.
Deixou Brasília quando ainda ecoava uma de suas frases ouvidas por senadores do PMDB com os quais se reuniu:
- Dizem que toda vez que venho a Brasília é para me meter no governo.
E não é?
Apesar da fala mansa dele, não o convidem para a mesma mesa onde Dilma se sentará. Como é um craque em cinismo, Lula até que saberia fingir que está tudo bem entre eles. Mas talvez Dilma não soubesse.
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